Hoje celebra-se o Dia Mundial da Visão, que pretende consciencializar para a deficiência visual. Segundo a OMS cerca de 2,2 milhões de pessoas no mundo têm deficiência visual ou cegueira, sendo que pelo menos 1 milhão dos casos poderiam ter sido evitados ou ainda não foram atendidos.
Para a maioria de nós a visão é algo tido como garantido, no entanto, muitas pessoas ao longo da história enfrentam desafios significativos relacionados à sua condição visual.
Para celebrar este dia, vamos partilhar consigo algumas histórias inspiradoras de pessoas com deficiência visual, que superaram o seu problema e o transformaram num superpoder.
Helen Keller, a ativista cega que superou barreiras
Helen Keller foi provavelmente uma das pessoas cegas e surdas mais famosas da história. Nascida no Alabama, tornou-se escritora, filósofa, conferencista e ativista pelos direitos das minorias e pessoas com deficiência.
Em criança ficou cega e surda devido a uma doença, que acreditam ter sido escarlatina ou meningite, mas desenvolveu a sua comunicação e conseguiu formar-se com distinção no Radcliffe College.
Ao longo da vida, Helen publicou 14 livros, viajou pelo mundo a dar palestras que inspiraram pessoas cegas e surdas, foi ativista pelo direito ao voto feminino e uso de contracetivos e foi nomeada para o Prémio Nobel da Paz, pelo seu ativismo na defesa dos direitos de pessoas com deficiências.
John Bramblitt , o pintor que nunca viu as suas obras
Foi aos 30 anos que John Bramblitt perdeu a visão devido a uma complicação nas suas crises de epilepsia. O incidente deixou-o num estado depressivo, levando-o a distanciar-se dos amigos e família, mas foi através dos pincéis e da tinta que descobriu uma razão para continuar a lutar.
O norte-americano nunca tinha pintado antes, e esta foi a forma de se descobrir enquanto artista, afirmando que para si “o mundo é muito mais colorido agora do que era quando eu via”.
Os seus quadros estão repletos de cores vivas e intensas e estão presentes em mais de 20 países. A sua técnica baseia-se no tato, utilizando uma tinta de secagem rápida, onde sente na ponta dos dedos a forma que compõe na tela e, com a ajuda de etiquetas em braile nos tubos de tinta, consegue fazer a mistura das cores.
Um facto curioso é que John descobriu que cada cor tem uma textura diferente e, hoje, consegue sentir e ver à sua maneira cada quadro que pinta. Inspirador não concorda?
Ana Sofia Antunes, a primeira governante cega em Portugal
Ana Sofia Antunes é um dos exemplos de superação da deficiência visual em Portugal, tendo-se tornado na primeira governante invisual do país, como Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência.
Atualmente, além desse cargo, é desde 2014 a presidente da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e integrou as listas de candidatos a deputados do PS por Lisboa.
A cegueira nasceu consigo e quando era criança frequentou uma escola especializada, tendo feito depois todo o percurso escolar até à faculdade, onde enfrentou e superou todas as dificuldades que se colocaram no seu caminho.
Todo o seu percurso fez com que percebesse que ainda há muito por fazer em relação a pessoas com deficiência visual ou outras deficiências em Portugal, sendo uma ativista e política ativa no nosso país.
Erik Weihenmayer, o alpinista cego que subiu o Monte Everest
Erik Weihenmayer foi o primeiro alpinista cego a conseguir a proeza de subir o Monte Everest. Quando tinha 4 anos foi diagnosticado com retinosquise, uma doença rara que provoca a perda progressiva da visão, tendo ficado completamente cego aos 14 anos.
Apaixonado por escalada desde tenra idade, formou-se como professor de alpinismo e juntou-se ao Clube de Montanhismo do Arizona. Em 1995 alcançou o topo do Monte Denali, o pico mais alto da América do Norte e contra todas as possibilidades escalou 3 das 7 montanhas mais altas do mundo.
Com mais de 16 anos de escalada profissional, em 2001 o alpinista estava pronto para o maior desafio da sua carreira, o Monte Everest, que conseguiu alcançar aos 33 anos de idade, juntamente com a sua equipa.